Publicado em: 23/09/2021 16:33:30
Projeto ameaça a biodiversidade e as comunidades locais, indígenas e tradicionais
A região Amazônica, por conta da sua riqueza e abundância em recursos naturais (água, madeira, minérios, etc.), sempre foi marcada por disputas político-econômicas e exploratórias, bem como por conflitos territoriais e de interesses que na maioria das vezes não levam em conta a população que ali se encontra.
Do ponto de vista histórico, sempre imperou a imagem de uma região a ser ocupada, conquistada e colonizada, por supostamente haver uma grande extensão de território de matas para pouca população.
Assim, o desejo de trazer desenvolvimento para a Amazônia utiliza como fundamento ciclos exploratórios de seus recursos, que são acompanhados por projetos governamentais de construção de obras de infraestrutura, como a edificação de usinas hidrelétricas, de rodovias e de bases de mineração, que prometem um desenvolvimento que não se concretiza quando analisados a longo prazo.
Nessa linha, a BR-319 começou a ser construída nos anos 1970, no período da ditadura militar, para ligar Manaus a Porto Velho. Sua extensão é 877 km, dos quais 680 km foram construídos em 1972 e 197 km em 1973.
Surgiu como uma espécie de compensação ao estado do Amazonas, em razão de outros estados, como por exemplo o Pará, por já ter recebido investimentos mais pesados do governo federal.
Usualmente, a política da época determinava que as rodovias fossem construídas como estradas sem pavimento. Contudo, no caso da BR-319 foi diferente, a rodovia foi construída e imediatamente pavimentada, inclusive, no período da estação chuvosa da região.
O projeto de reconstrução da BR-319, ameaça a biodiversidade e as comunidades locais, indígenas e tradicionais, pois a expectativa da chegada do asfalto tem ocasionado diversas implicações no local.
Ao longo da semana iremos aprofundar mais sobre o tema na SÉRIE ESPECIAL – BR-319: reestruturação de um antigo projeto. Fique ligado!
FONTE
Philip M. Fearnside, Paulo Maurício Lima de Alencastro Graça. Br-319: a rodovia Manaus-Porto Velho e o impacto potencial de conectar o arco de desmatamento à Amazônia central - https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/241
SAIBA MAIS
Antoine Acker - “O maior incêndio do planeta”: como a Volkswagen e o regime militar brasileiro acidentalmente ajudaram a transformar a Amazônia em uma arena política global - https://www.scielo.br/j/rbh/a/XDXZs5W94Jrtgf3q8dK78Xh/abstract/?lang=pt
Fonte: Philip M. Fearnside & Paulo Maurício Lima de Alencastro Graça; DITERRA