Publicado em: 13/09/2021 13:41:48
Projeto atravessará corredor de biodiversidade e é visto como negativo por organizações indígenas e ambientais
A construção da rodovia Pucallpa-Cruzeiro do Sul é um projeto viário para conectar comercialmente os estados de Ucayali, no Peru, e Acre, no Brasil.
A proposta já foi submetida a estudos, análises e críticas de cientistas, organizações indígenas e ambientais. Isso porque a última rota proposta para essa via percorre paralelamente a bacia do rio Abujao e atravessa ao menos dez comunidades shipibas e ashaninkas, localizadas na fronteira com o Brasil.
Localização prevista para receber a Rodovia Pucallpa-Cruzeiro do Sul. Fonte: National Geographic Brasil.
Da mesma forma, esse trecho viário cortaria um corredor de biodiversidade que começa no Parque Nacional Sierra del Divisor (homônimo do parque brasileiro), na Reserva Indígena Isconahua e termina do outro lado do que seria essa rodovia, na zona de Influência da proposta da área de conservação regional (ACR) de Alto Tamaya-Abujao.
O Congresso Legislativo peruano aprovou, em 21 de maio desse ano, um projeto de lei para declarar a rodovia de interesse nacional. Do lado brasileiro, o interesse pela obra aumentou com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência em 2019.
Do lado peruano, chegou a se desenvolver até três trechos distintos, sendo que alguns deles contemplavam atravessar o Parque Nacional Sierra del Divisor ou a Reserva Territorial Isconahua – lar de indígenas em isolamento voluntário.
Segundo Alfonso Malky, diretor técnico para a América Latina da CSF, o prejuízo gerado pelo projeto seria de US$ 17 milhões, bem como provocaria um desmatamento de mais de 24 mil hectares, conforme o estudo realizado no ano passado pelo Conservation Strategy Fund (CSF). O estudo concluiu, após avaliar as variáveis econômicas, sociais e ambientais, que a rodovia Pucallpa-Cruzeiro do Sul não se mostra como um projeto rentável.
Além disso, as comunidades indígenas shibipas e ashaninkas que seriam afetadas ao longo da via, até a presente data, não foram incluídas nas discussões, diz Berlin Diques, presidente da Organização Regional Aidesep Ucayali.
O mesmo problema ocorre no trecho brasileiro da rodovia. O Ministério Público Federal do Brasil iniciou uma investigação civil por causa das irregularidades detectadas no plano de construção da via, entre elas a falta de uma consulta prévia, livre e esclarecida.
Fonte: National Geographic Brasil - https://bit.ly/3Ed0c7p