Publicado em: 03/09/2021 14:58:45
A obra é resultado da pesquisa que busca verificar os danos da garimpagem no território nacional, principalmente aos povos indígenas
O livro “O cerco do ouro: garimpo ilegal, destruição e luta em terras Munduruku” foi publicado, em agosto de 2021, pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. Ailén Vega, Laize S. C. Silva, Luísa Molina e Rosamaria S. P. Loures são as autoras, mas a coordenação foi realizada por Luiz Jardim Wanderley e Luísa Molina.
A obra é resultado da pesquisa que busca verificar os danos da garimpagem no território nacional, principalmente aos povos indígenas. O estudo tem o objetivo de expor o conflito social que há muito se prolonga e que, em função do atual governo, tem se agravado ainda mais.
O livro contém cinco capítulos que se desenrolam ao longo de suas 208 páginas. O primeiro capítulo discorre, de forma introdutória, sobre o povo Munduruku explicando sua origem e os impactos do garimpo em seus territórios; já no segundo capítulo, os autores trazem um panorama dos aspectos legais e normativos enfatizando a legislação atual de proibição de garimpo e mineração em terras indígenas e o Projeto de Lei n. 191 de 2020.
O terceiro capítulo tem como tema o garimpo no Tapajós e o povo Munduruku, trazendo um histórico mais aprofundado sobre a exploração e as consequências da mineração no referido território, bem como da resistência indígena. No capítulo quatro as autoras explanam extensamente sobre os principais impactos do garimpo à saúde do povo Munduruku, inclusive abordando a relação com o Covid-19. E, no último capítulo, é evidenciada as terras indígenas que já estão afetadas ou ameaçadas por garimpo, sendo expostas as operações na Terra Indígena Yanomami e sob a gestão Bolsonaro.
O livro é um relatório-denúncia resultado de seis meses de pesquisa que aborda de forma sucinta, haja vista que conflito entre garimpeiros e indígenas se desenrola desde a década de 60, sobre a garimpagem na Terra Indígena Munduruku. O estudo é de extrema importância já que o tema, como o próprio organizador mesmo escreveu, “não é um problema social novo, mas se tornou urgente na atual conjuntura do país”. A obra é fundamental para que se discuta sobre as denúncias sobre as violações de direitos humanos e ambientais provocadas pela garimpagem que, em sua grande parte, opera em condição de ilegalidade ou irregularidade operacional e causa destruições sociais e ambientais.
A leitura é indicada para todos, afinal seu conteúdo é esclarecedor e realça os aspectos mais relevantes para que se possa analisar os impactos da mineração em terras indígenas no Brasil. Além disso, a obra facilita a assimilação de todo o conteúdo através de tabelas e mapas, e possui uma linguagem de fácil entendimento mesmo sendo resultado de pesquisas acadêmicas.
Todas as autoras pesquisam sobre o tema abordado no livro, sendo que Ailén Vega é doutoranda em Geografia na Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA) com ênfase em Estudos de Ciências, Tecnologia e Sociedade; Laize S. C. Silva é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (Procam/IEE/USP); Rosamaria S. P. Loures e Luísa P. Molina são doutorandas em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília (PPGAS/DAN/UnB); e o organizador Luiz Jardim Wanderley é doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e é o coordenador do Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil.
Leia a produção pelo link: http://emdefesadosterritorios.org/wp-content/uploads/2021/08/Livro-O-cerco-do-ouro-150dpi.pdf
Fonte: Diterra